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20/02/2019

Mineira Bevap alonga dívida de R$ 450 milhões

Por Camila Souza Ramos | De São Paulo

Valor Econômico / 20.02.2019

A Bevap, dona de uma usina em João Pinheiro (MG), acertou com um grupo de bancos públicos a reestruturação de dívidas vencidas que somavam R$ 450 milhões e agora busca um investidor para cumprir compromissos assumidos com as instituições financeiras. Esta foi a segunda renegociação de dívidas realizada pela companhia – que, assim, deixa a situação de default.

A primeira renegociação foi realizada em 2017 com bancos privados, com os quais a companhia tinha dívidas vencidas de R$ 550 milhões. Participaram da operação Santander, Bradesco, Itaú, Banco ABC e Banco Votorantim. Desta vez, participaram da reestruturação Banco do Brasil, Caixa Econômica, Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG) e Banco do Nordeste (BNB).

Com os bancos públicos, a companhia vinha pagando apenas os juros, a partir da receita gerada pela cogeração de energia elétrica, e estava sem quitar as amortizações. Os bancos concordaram em estender o pagamento da dívida por oito anos, com dois de carência, e em reduzir o custo total do endividamento.

Em troca, a Bevap ofereceu como garantia mais contratos de energia, comprometeu-se a antecipar pagamento de dívida ao invés de distribuir dividendos em caso de excedente de caixa (mecanismo de “cash sweep”) e, ainda, a buscar um investidor.

“O prazo para conseguir um novo investidor está aberto. Mas deve ser fácil encontrar um sócio, porque a empresa vem apresentado melhorias nos últimos meses e a perspectiva é que o agronegócio se aqueça”, afirmou o advogado Renato Brandão, do escritório Felsberg Advogados, que intermediou as negociações. A princípio, o novo investidor deverá entrar como minoritário – caso contrário, será preciso autorização dos bancos.

Segundo Brandão, o mecanismo de “cash sweep” deverá permitir que a Bevap, que tem capacidade de moagem de 3,2 milhões de toneladas de cana por safra, tenha flexibilidade para investir em manutenção e em bens de capital.

Enquanto negociava com os bancos públicos, a companhia explorou sua flexibilidade industrial para maximizar sua produção de etanol na safra atual (2018/19). A perspectiva dos envolvidos na negociação é que a alavancagem financeira (relação entre a dívida líquida sobre o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização em 12 meses) se aproxime de um patamar “saudável” – no mercado, estima-se que para uma usina esse nível seja cerca de 3 vezes.

A solução extrajudicial fez com que a Bevap escapasse de uma recuperação judicial, caminho trilhado por dezenas de usinas nos últimos anos diante do prolongado período de preços baixos do açúcar e do controle dos preços da gasolina, na primeira metade da década. Segundo Brandão, a reestruturação extrajudicial fazia mais sentido para a Bevap já que praticamente todas as suas dívidas eram com instituições financeiras.

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