RIO – (Atualizada às 16h02) O governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), afirmou nesta segunda-feira que pretende privatizar inteiramente a Companhia Estadual de Águas e Esgotos (Cedae). Parte das ações da empresa foi dada como garantia à União para o caso de o Estado do Rio não conseguir quitar um empréstimo de R$ 2,9 bilhões feito junto ao banco BNP Paribas – a operação tem como garantidor final o governo federal.
“Quero privatizar a Cedae toda, porque vai me dar realmente condições de fazer o saneamento básico em todo o Estado do Rio”, justificou Witzel, durante seu discurso no evento de posse da nova diretoria da AmCham Rio, num hotel do Leme, zona sul do Rio de Janeiro.
Witzel informou ainda que tem pedido ao ministro da Economia, Paulo Guedes, a renegociação dos termos do Regime de Recuperação Fiscal (RRF), acordo com a União que permitiu socorro financeiro ao Estado ainda no governo de Luiz Fernando Pezão. Segundo Witzel, a renegociação permitiria que, até o fim de seu mandato, fossem liberados R$ 15 bilhões para investimentos.
Diante da plateia de empresários, o governador defendeu a isenção unilateral de vistos adotada pelo governo federal para turistas dos Estados Unidos, da Austrália e do Canadá, entre outros países. E anunciou a abertura de um escritório de negócios de turismo do Estado do Rio na Flórida, em setembro, como forma de atrair turistas para a cidade brasileira.
Reforma
O governador afirmou ainda que, dos 46 deputados federais da bancada do Estado, entre 30 e 35 devem votar favoravelmente à reforma da Previdência. “Esses 15 votos que ainda não temos talvez consigamos tê-los conversando com os partidos radicais”, disse durante o evento.
Na sua avaliação, seria melhor incluir Estados e municípios inteiramente na reforma, mas o resultado até agora foi positivo. “Espero que os Estados sejam incluídos na reforma e, mantido esse relatório da forma como está, ficará uma boa reforma para o Brasil”, sustentou. “Conversei agora de manhã com o deputado Hugo Leal, que é o coordenador da bancada do Rio de Janeiro, e ele me disse que nós temos ampla maioria aqui no Rio a favor da reforma, da forma como foi apresentada no relatório do deputado Samuel [Moreira, relator da reforma]. Os Estados ficaram de fora, mas se manteve a alíquota de 14%, então isso já é algo favorável”, acrescentou.
Para o governador fluminense, a reforma da Previdência não é tarefa de um só governo, mas de vários.
Witzel ainda minimizou as críticas do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), à forma como ocorreu a demissão do presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Joaquim Levy. Maia classificou como “covardia” do ministro da Economia, Paulo Guedes, a saída de Levy, que renunciou ao cargo após ser ameaçado de demissão no sábado, pelo presidente Jair Bolsonaro.
“Essas questões de debate são sempre naturais, que o debate ocorra entre o governo e a Câmara dos Deputados, o Senado. Tenho certeza de que isso vai ser superado, se é que já não foi superado. E a reforma [da Previdência] vai acontecer”, disse após discursar no evento.
(Rodrigo Carro | Valor)